ESTABELECENDO LIMITES SAUDÁVEIS
A comunicação é uma das principais formas de estabelecer e cuidar das relações. Além disso, por ser a origem de muitos ruídos, sua qualificação tem sido um caminho eficaz na prevenção dos conflitos.
Você já ouviu falar do termo comunicação não violenta? A abordagem da comunicação não violenta (também conhecida como CNV), sistematizada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, propõe-se a ser um caminho equilibrado entre ser honesto, sem gerar ofensas. Veja, a seguir, uma animação sobre o tema.
SEPARANDO FATOS DE JULGAMENTOS
Para a prática da CNV, uma das primeiras habilidades que devemos exercitar é separar fatos de julgamentos. Observe a citação a seguir.
Posso lidar com você me dizendo
O que eu fiz ou deixei de fazer.
E posso lidar com suas interpretações
Mas, por favor, não misture as duas coisas.
Se você quer deixar qualquer assunto confuso,
Posso lhe dizer como fazer:
Misture o que eu faço
Com a maneira que você reage a isso.
Diga-me que você está decepcionada
Com as tarefas inacabadas que você vê,
Mas me chamar de “irresponsável”
Não é um modo de me motivar.
E me diga que fica magoada
Quando digo “não” às suas aproximações,
Mas me chamar de um homem “frígido”
Não vai melhorar suas chances.
Sim, posso lidar com você me dizendo
O que eu fiz ou deixei de fazer.
E posso lidar com suas interpretações.
Mas, por favor, não misture as duas coisas.
– Marshall Rosenberg
Para saber se um fato está sendo descrito isento de interpretações, avaliações ou julgamentos, siga as seguintes orientações:
Na imagem temos um triângulo maior formado por quatro triângulos menores em seu interior. Dentro destes triângulos estão os seguintes textos: perceba se a descrição está sendo feita de forma que possa ser gravada, seja por uma câmera ou por um microfone. Contextualize. Pontue exatamente na linha do tempo quando foi que os fatos aconteceram. Evite fazer inferências e utilizar palavras como: nunca, sempre, toda, demais, muito, frequentemente e raramente.
ATIVIDADE 1
Vamos exercitar a nossa capacidade de observar sem julgamentos? Na atividade a seguir, você encontrará três diferentes sentenças para cada situação.
Observe as alternativas e sinalize a opção que considera sem julgamentos.
a) Essa semana, André fez mais de 10 horas extras.
b) Essa semana André fez mais de 10 horas extras, ele está trabalhando demais.
c) André está trabalhando demais.
a) Joana está chateada com André porque ele é um incompetente.
b) Joana sente que André não gosta de trabalhar com ela.
c) Joana fica triste com a quantidade de conflitos sem solução que tem tido com André.
Feedback
O primeiro passo para a prática da comunicação não violenta é ser capaz de observar sem avaliar! Quando fazemos algum juízo de valor diante do comportamento do outro, as chances de que isso seja percebido como uma crítica são grandes. É o início de um conflito. O ideal é manter-se neutro e expressar apenas a constatação de fatos.
E como você faria para se comunicar nas situações de conflito ilustradas a seguir? Lembre-se de escolher a alternativa mais alinhada à prática de comunicação não violenta.
a) Marcelo, você não me ajuda em nada! Fica sempre sentado naquela mesa!
b) Não estou conseguindo entregar as coisas no prazo por conta da sua lentidão, Marcelo.
c) Eu não tenho conseguido fazer todo o serviço e por isso preciso muito da sua ajuda, Marcelo.
a) Carla, você poderia utilizar folhas de rascunho para imprimir textos e documentos não formais? Assim, evitamos o desperdício.
b) Carla, quantas vezes eu já te falei para não gastar tanto papel?
c) Carla, se você continuar desperdiçando tanto papel, vamos acabar recebendo uma notificação na próxima auditoria!
Feedback
Segundo Marshall Rosenberg, faz parte de uma comunicação compassiva saber expressar os próprios sentimentos de forma clara e específica, sem misturá-los com avaliações ou julgamentos. Trata-se de uma estratégia para conquistar a empatia do interlocutor.
AVALIAÇÕES E OBSERVAÇÕES
A forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar.
Krishnamurti
Saber se comunicar de forma não violenta pode ser um processo gradativo. O mais importante é saber separar avaliações de observações.
Observe os exemplos a seguir:
Na imagem temos caixas de diálogos com a conversa de duas pessoas, na primeira caixa o texto que aparece é o seguinte: Vocês são um bando de folgados! Na segunda caixa o texto que aparece é: Preciso de mais respeito no nosso diálogo. No lugar de nos dizer como o senhor acha que estamos agindo, poderia nos dizer o que o perturba no que estamos fazendo ou o que tem a expectativa de que façamos e não estamos fazendo?
ATIVIDADE 2
Na atividade a seguir, selecione a opção que pode ser categorizada como observação ou como avaliação, de acordo com a comunicação não violenta. Ao terminar, clique em “confirmar”.
Você acertou de questões!
EXPRESSANDO AS EMOÇÕES DESCONFORTÁVEIS
As emoções são as mensageiras da satisfação (ou da não satisfação) das nossas necessidades. Identificá-las torna mais fácil reconhecer suas manifestações, estopins, gatilhos e efeitos, possibilitando o processo de manejo e canalização para um plano de ação positivo, que gere melhorias, aprendizagem, e previna situações que as despertem no futuro com uma intensidade que inviabiliza uma escolha consciente de como reagir.
Ao expressar as emoções despertadas por um incômodo, consideramos que os repertórios e as bases emocionais de cada indivíduo são únicas. Nomear as emoções torna a mensagem mais clara e revela algo sobre o que é importante, já que cada um tem um padrão e uma referência diferente de como se portar, evitando as críticas e uma postura defensiva do ouvinte.
O objetivo da CNV é gerar conexão e empatia, oferecendo limites com clareza, sem criar um ambiente de disputa pelo poder.
Expressar emoções pode ser desafiador, especialmente no ambiente de trabalho. O neurocientista Paul Zak, no entanto, vem realizando pesquisas que comprovam a importância de expor vulnerabilidades para criar vínculos de confiança e atitude colaborativa nas equipes.
Para Pensar
Experimente fazer uma pausa e refletir antes de comunicar ao outro algo que incomodou. Espere as emoções ficarem menos intensas, expresse a importância daquele relacionamento para você e demonstre disposição para construir um futuro melhor.
Evite utilizar expressões como “sinto que” ou “sinto como se”, pois elas comunicam uma opinião, e não um sentimento. Por exemplo: “sinto que não é certo interromper as pessoas quando elas estão falando”. Ou “acho que, quando as pessoas fazem coisas como essas, elas são mal-educadas”. Ou ainda: “sinto como se estivesse trabalhando com um robô”.
Veja outros exemplos que podem ser adaptados à prática da CNV. Clique para visualizar as alternativas não violentas.
Veja outros exemplos que podem ser adaptados à prática da CNV. Conheça a seguir as alternativas não violentas.
Ao invés de dizer: Sinto que sou uma má administradora. Você pode dizer: Estou chateada comigo mesma como administradora.
Ao invés de dizer: Sinto que sou insignificante para a minha equipe. Você deve dizer: Sinto-me desestimulado porque não percebo o recohecimento do meu trabalho.
Ao invés de dizer: Sinto-me como um fracassado. Você deve dizer: Estou triste porque não passei no processoo seletivo.
Ao invés de dizer: Sinto como se tivesse que estar sempre disponível. Você deve dizer: Fico irritada quando estou concentrada e sou interrompida.
Ao invés de dizer: Sinto que isso é inútil. Você deve dizer: Sinto raiva quando recebo críticas sem sugestões de melhorias.
IMPORTANTE
Nomear as emoções é diferente de descrever o que julgamos ou interpretamos que os outros estão fazendo conosco.
Algumas palavras que expressam julgamentos: incompreendido, traído, abandonado, ignorado, maltratado, rejeitado, menosprezado, usado, enganado, manipulado, pressionado, atacado.
Quando essas palavras surgirem para descrever emoções, pergunte: e como realmente se sente quando não é compreendido?
ATIVIDADE 3
Na atividade a seguir, clique nas palavras que realmente expressam emoções.
Na imagem temos várias nuvens desenhadas e dentro de cada uma delas uma palavra, as palavras são: Coagido, desapontado, aflito, Negligenciado, Subestimado, Incomodado, Diminuido, Criticado, Podado, Exausto, Apavorado, Provocado, Confuso, Frustrado, Desesperado, Sobrecarregado, Angustiado, Ansioso, Intimado, Inseguro.
Parabéns!
Você selecionou corretamente os termos que correspondem a emoções.
REVELANDO NECESSIDADES
Nossos sentimentos resultam de como escolhemos receber o que os outros dizem e fazem, bem como de nossas necessidades e expectativas específicas daquele momento.
Marshall Rosenberg nos ensina a identificar as necessidades mais profundas por trás de uma crítica, criando conexão e empatia, enfraquecendo um ambiente de contra-ataque ou autodefesa.
A imagem mostra uma sequência de quatro cenas que representam as quatro formas de lidar com uma mensagem difícil. No primeiro quadro está escrito – Se culpar. Na ilustração tem um diálogo entre dois cachorrinhos, o primeiro cachorrinho fala “Você é um chato!”. O segundo cachorrinho responde “Eu sou um chato!” em seguida a ilustração apresenta uma comparação com um diálogo entre um cachorrinho e uma girafa. O texto escrito no quadro é: Escutar seus próprios sentimentos e necessidades. O cachorrinho diz “Você é uma chata!” a girafa não responde nada, mas ao redor dela aparecem corações.No segundo quadro está escrito: Culpar o outro. Na ilustração existe um diálogo entre os dois cachorrinhos o primeiro fala “Você é um merda!” O segundo cachorrinho responde “Eu sou um merda!” em seguida a ilustração apresenta uma comparação com um diálogo entre um cachorrinho e uma girafa, o cachorrinho diz “Você é uma chata!” A girafa não responde nada e ao redor dela aparecem corações quebrados ao meio.
O que os outros dizem ou fazem pode ser o estímulo, mas nunca a causa dos sentimentos.
Marshall Rosenberg
Quais necessidades estão por trás das situações a seguir?
Na imagem temos três diálogos- o primeira mostra uma mãe falando para o filho: Você é muito bagunceiro! Essa fala da mãe para o filho mostra a necessidade: de ofender ou de organização? O segundo diálogo mostra um casal discutindo a mulher diz: Você é covarde! Essa fala da mostra a necessidade de ofender ou de um posicionamento mais firma? O terceiro diálogo mostra duas mulheres discutindo em uma situação de trabalho, a mulher diz: Você é uma irresponsável! Essa fala da mostra a necessidade de ofender ou de que as entregas sejam feitas dentro do prazo?
Para todas as situações acima, a necessidade mais profunda é sempre a segunda frase (em azul). Mas, a depender da forma como é expressada, se for a partir de um julgamento, a mensagem que fica é a da ofensa, da humilhação, da necessidade de magoar.
A CNV traz a perspectiva para si, sem taxar, ofender ou reduzir o outro. Em vez disso, ela coloca o outro em uma posição de importância. Afinal, se a outra pessoa não fosse importante, seu comportamento não nos afetaria.
Por exemplo, se alguém, em um momento de raiva, diz: “Você é a pessoa mais egoísta que eu já vi”, podemos:
A imagem mostra um termômetro em quatro estágios de temperatura. O primeiro estágio mais frio representa nos conectarmos com nossas emoções e necessidades, dizendo, por exemplo: “Quando escuto você dizer que sou egoísta, fico magoado, porque preciso de algum reconhecimento de meus esforços em colaborar” O segundo estágio mostra uma temperatura um pouco mais elevada e representa nos conectarmos com o outro e tentar traduzir seus sentimentos e necessidades. Assim: “Você está magoado porque precisa de mais cuidado e colaboração? De que maneira poderia demonstrar isso para você?” O terceiro estágio da temperatura já está mais quente e representa culpar os outros. O último estágio em que a temperatura está muito quente representa nos culpar.
A mesma estratégia pode refletir diferentes necessidades. Não entregar um relatório ou um projeto no prazo, por exemplo, pode estar atendendo a uma necessidade de liberdade, de tempo ou de sentido, por desconhecer o combinado. Por isso, é sempre importante verificar qual a necessidade, saber traduzir as mensagens violentas.
Outro exemplo. Vamos traduzir?
A imagem mostra um exemplo de um casal em um diálogo. O homem diz: Você sempre complica tudo, né? – Essa é a mensagem que ele está passando. No segundo momento do diálogo a mulher diz: Ah, você está nervoso porque gostaria que os relatórios fossem mais simples, é isso? Vamos sentar juntos para ver de que maneira é possível melhorar? – Essa é a tradução da mensagem.
A imagem mostra um exemplo de um casal em um diálogo. O homem diz: Você sempre complica tudo, né? – Essa é a mensagem que ele está passando.
No segundo momento do diálogo a mulher diz: Ah, você está nervoso porque gostaria que os relatórios fossem mais simples, é isso? Vamos sentar juntos para ver de que maneira é possível melhorar? – Essa é a tradução da mensagem.
É preciso ter abertura, empatia e intencionalidade em cooperar. Em uma situação de escuta empática, ouvimos sem intenção de interrogar, de competir, de aconselhar ou de julgar. Deve-se buscar perceber a dor do outro como ele está percebendo, ajudando-o a identificar necessidades, demonstrando interesse e acolhimento. O apoio está em ajudar o outro a se fortalecer, reconectando-se consigo mesmo, com suas necessidades mais vivas para que encontre as respostas de que precisa. É preciso enxergar que o conflito oferece a oportunidade para uma melhoria.
Quanto mais nós formos capazes de relacionar nossos sentimentos às nossas próprias necessidades, mais fácil será para os outros reagirem compassivamente.
Observe cada frase a seguir, note que elas são embasadas em julgamento. Depois, clique sobre elas para conhecer a versão com a responsabilização para cada uma delas:
Temos sete cartas e cada uma delas tem frases dos dois lados, no lado A a frase embasadas em julgamento, no lado B a frase é com responsabilização. Vamos conhecer todas elas. Lado A: você me desapontou ao não aparecer na noite passada. Lado B: fiquei chateado por não ter te encontrado, porque eu queria conversar a respeito de algumas coisas que estavam me incomodando.
Lado A: fiquei realmente irritado por eles terem cancelado o contrato. Lado B: fiquei chateado por não ter te encontrado, porque eu queria conversar a respeito de algumas coisas que estavam me incomodando.
Lado A: Fico triste quando você não entrega os projetos aprovados no planejamento. Lado B: Fico triste quando os projetos não são entregues, porque eu preciso perceber nossa eficácia como equipe e suprir as expectativas dos clientes.
Lado A: isso me aborrece muito. Lado B: quando percebo resistência a mudanças, fico aborrecido, porque preciso de abertura e disponibilidade para redesenharmos os processos juntos.
Lado A: Fico magoada quando você não me liga no meu aniversário. Lado B: fico magoada quando você não me liga no meu aniversário, porque eu preciso do reconhecimento de que nossa relação é importante.
Lado A: Sinto-me irritada porque a supervisora não cumpriu sua promessa. Lado B: Sinto-me irritada porque a supervisora não cumpriu sua promessa, já que eu contava com aquele fim de semana prolongado para ir visitar minha família.
Lado A: tenho raiva quando estou falando e estão no celular. Lado B: tenho raiva quando estou falando e observo pessoas no celular, porque eu preciso da atenção do grupo e de ter certeza de que nenhuma informação ficou incompreendida.
A violência é a expressão trágica de uma necessidade não atendida.
Marshall Rosenberg
IMPORTANTE
Se não valorizarmos nossas necessidades, os outros também podem não valorizá-las. Quando expressamos nossas necessidades com honestidade e clareza, empoderamo-nos e ganhamos liberdade e autonomia no planejamento de ações e estratégias que possam atendê-las em diversos momentos e de diferentes formas.
Algumas palavras que expressam necessidades:
o infográfico apresenta sete palavras que expressam necessidades acompanhado de suas explicações, as palavras são: autonomia, celebração, lazer, comunhão espiritual, integridade, necessidades físicas, interdependência. A autonomia é escolher seus próprios sonhos, objetivos e valores. E ainda escolher seus próprios planos para realizar esses sonhos, objetivos e valores. A celebração é celebrar a criação da vida e os sonhos realizados. E ainda, elaborar as perdas: entes queridos, sonhos e luto. O lazer é a diversão e o riso. A comunhão espiritual é a beleza, harmonia, inspiração, ordem e paz. A integridade é a autenticidade, autoavaliação. criatividade e significado. As necessidades físicas são abrigo, água, alimento, ar, descanso, expressão sexual. A interdependência é a aceitação, apoio, apreciação, calor humano, compreensão, comunhão, consideração, contribuição para o enriquecimento da vida como, exercitar o poder de cada um, doando aquilo que contribui para a vida.
FAZENDO PEDIDOS E ESTABELECENDO ACORDOS
A CNV nos dá oportunidade de refletirmos e avaliarmos se o que sentimos é de fato uma necessidade essencial, inegociável para conviver pacificamente, ou se podemos flexibilizar e ceder. Ao diagnosticar que é uma necessidade fundamental, chegou a hora de abrir espaço para a negociação sobre as formas de atender a essa necessidade. Lembre-se de que as únicas decisões sustentáveis são aquelas que ambas as partes assumem voluntariamente. Essa negociação começa com um pedido que expresse concretamente o que precisa acontecer no futuro para suprir as necessidades que emergiram, gerando disposição e mobilização em todos os envolvidos. Fazer pedidos vagos ou dizer o que não deve acontecer pode gerar confusão.
Por exemplo, um colega de trabalho diz ao outro: “Você não deve ser tão centralizador!”. Não está claro o que precisa ser feito. Que fatos e indicadores visíveis e comportamentais comprovariam para o colega que o outro não está sendo centralizador?
A tradução poderia ser: “Você poderia distribuir mais as tarefas desse projeto?”. Ou ainda: “Eu poderia comunicar o andamento dos projetos semanalmente em vez de ter que te copiar em todos os e-mails?”.
Veja a seguir alguns exemplos de alternativas para pedidos vagos:
O infográfico mostra exemplos de pedidos vagos e pedidos verificáveis e positivos. Ao invés de dizer “posso contar com você” você pode dizer: “é possível me entregar o relatório até segunda que vem?” Ao invés de dizer “Você pode ajudar mais?” você pode dizer: “Você poderia entregar o cronograma de salas com antecedência mínima de uma semana?” Ao invés de dizer “Você pode me dar atenção?” você pode dizer “Gostaria muito que você me ligasse ou mandasse uma mensagem todos os dias.” Ao invés de dizer “Quero liberdade para ser eu mesma!” você pode dizer “Quero poder expressar minhas opiniões com abertura e empatia, sem julgamentos. Ao invés de dizer “Você poderia não agir como uma parede?” você pode dizer “Você pode me dizer o que sente e pensa quando lhe faço uma pergunta?” Ao invés de dizer “preciso de respeito para trabalhar.” Você pode dizer “Você poderia me dar algumas horas de planejamento antes de cobrir uma aula de uma área que não é a minha especialidade?” Ao invés de dizer “queria muito que você fosse mais cordial” você pode dizer “você se importaria de sempre consultar a equipe antes de alterar a temperatura do ar-condicionado?” Ao invés de dizer “Não se incomodem com a minha presença. Fique à vontade.” Você pode dizer “Gostaria que me dissessem o que fazer para facilitar a vocês que se sintam mais livres para se expressar na minha presença”
As solicitações também precisam estar conectadas com as necessidades, pois um chefe pode dizer ao seu subordinado, por exemplo: “Tudo que eu queria era que você agisse com mais responsabilidade”. E, ao investigar as ações que ele esperava que fossem executadas, percebe-se que a necessidade do chefe era obediência, e não responsabilidade.
A partir daí, o interlocutor poderá propor outras sugestões e recomendações. E uma pergunta pode surgir: “Mas por que a necessidade da outra pessoa é mais importante que a minha?”. Neste momento, um caminho é compor uma terceira opção, um outro caminho que contemple parcial ou integralmente ambas as necessidades. Para tanto, é preciso abandonar o pensamento binário para entrar em uma lógica que não aceita que um perca para outro ganhar. O produto da CNV sempre será um acordo de convivência.
Todo esse processo requer força e motivação, daí a importância do autocuidado com o bem-estar para reduzir as vulnerabilidades, inclusive para não dizer sim quando a real necessidade pede um não diante de uma negociação.
‘Ser’ é interser. Você simplesmente não pode ‘ser’ por você mesmo, sozinho. Você tem que interser com cada uma das outras coisas. Esta folha de papel é porque tudo o mais é.
Thich Nhat Hanh
CNV EM QUATRO PASSOS
Para transmitir uma mensagem não violenta, tenha em mãos os quatro componentes da CNV
:O infográfico apresenta quatro componentes da CNV -A primeira- emoção: como você se sente. A segunda- Fato objetivo e verificável: O que você observou. O terceiro- Necessidades: qual a sua necessidade. O quarto- Pedido concreto: qual a proposta.
Veja um exemplo de comunicação violenta:
A imagem apresenta um duas pessoas a primeira estão parada de braços cruzados enquanto a outra está um pouco mais exaltada como se estivesse discutindo. O texto em tela diz: André, não sei mais o que fazer! Você é descomprometido e sempre chega atrasado! Por sua culpa, as entregas desta semana estão acumuladas!
Agora veja como seria a alternativa não violenta para transmitir essa mensagem, utilizando os quatro componentes da CNV:
Na segunda imagem temos duas pessoas conversando, a primeira está sentada em uma cadeira, parece estar em seu escritório, a segunda pessoa está em pé. O texto em tela diz: André, esta semana observei que você não chegou no horário combinado segunda-feira e quarta-feira. Estou preocupada, porque eu preciso garantir que as entregas serão feitas conforme o planejado, e sua ausência gerou impactos na equipe. Há algo acontecendo? Oque podemos fazer para cuidar tanto de você quanto das responsabilidades do setor?
Veja, a seguir, a análise desses componentes:
André, esta semana observei que você não chegou no horário combinado segunda-feira e quarta-feira. Estou preocupada, porque eu preciso garantir que as entregas serão feitas conforme o planejado, e sua ausência gerou impactos na equipe. Há algo acontecendo? O que podemos fazer para cuidar tanto de você quanto das responsabilidades do setor?
Emoção
Faz parte de uma comunicação compassiva saber expressar os próprios sentimentos de forma clara, sem misturá-los com avaliações. Perceba e nomeie a emoção despertada pelo incômodo.
André, esta semana observei que você não chegou no horário combinado segunda-feira e quarta-feira. Estou preocupada, porque eu preciso garantir que as entregas serão feitas conforme o planejado, e sua ausência gerou impactos na equipe. Há algo acontecendo? O que podemos fazer para cuidar tanto de você quanto das responsabilidades do setor?
Fato objetivo e verificável
Não julgue o comportamento. A crítica coloca o outro na defensiva. O objetivo é criar um ambiente de escuta, empatia e abertura para o novo. Mantenha-se neutro e expresse apenas os fatos.
André, esta semana observei que você não chegou no horário combinado segunda-feira e quarta-feira. Estou preocupada, porque eu preciso garantir que as entregas serão feitas conforme o planejado, e sua ausência gerou impactos na equipe. Há algo acontecendo? O que podemos fazer para cuidar tanto de você quanto das responsabilidades do setor?
Necessidade
Seja capaz de identificar as próprias necessidades por trás do que sente. O que os outros dizem pode ser o estímulo, mas nunca a causa de nossos sentimentos.
André, esta semana observei que você não chegou no horário combinado segunda-feira e quarta-feira. Estou preocupada, porque eu preciso garantir que as entregas serão feitas conforme o planejado, e sua ausência gerou impactos na equipe. Há algo acontecendo? O que podemos fazer para cuidar tanto de você quanto das responsabilidades do setor?
Pedido concreto
Seja claro e objetivo ao dizer para o outro o que você precisa para que o relacionamento seja pacífico. Pedidos genéricos, que dão margem a dúvidas, podem intensificar o conflito.
Agora que você já conhece os quatro componentes da comunicação não violenta, lembre-se de dizer claramente e com objetividade o que você precisa. Dessa forma, decisões sustentáveis podem ser tomadas e acordos mais assertivos podem ser fechados!
Saiba Mais
Para saber mais sobre o tema CNV, acesse os seguintes links:
Violência Oculta: https://tab.uol.com.br/violencia-oculta/
Curso em Comunicação Não Violenta com Marshall Rosenberg (em áudio):
- Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=HOmNP55JcC4
- Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=LEnfujy3eoA
- Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=ZPCjezkAgWI&t=2210s
- Parte 4: https://www.youtube.com/watch?v=I8KCTnd3hEE
- Parte 5: https://www.youtube.com/watch?v=EhhLr-SVJds
- Parte 6: https://www.youtube.com/watch?v=q2S5EqAmLrQ
- Parte 7: https://www.youtube.com/watch?v=xlt8lg838NQ&t=1788s
- Parte 8: https://www.youtube.com/watch?v=5Ca-VdWqoVs&t=86s
Referências
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.